É bastante comum
encontrarmos pessoas que têm dificuldades em dizer “não”.
Uma palavra monossílaba tão
pequena, uma palavra que aprendemos desde cedo ou mesmo a primeira palavra que
uma criança balbucia. Já na fase adulta é tão temida e desconfortável para muitos.
As pessoas apresentam
problemas para exprimir a palavra “não”, por vários motivos, querem ser
consideradas boazinhas, por não terem aprendido que podem ter vontade, por não
saber o que querem ou por não querer assumir responsabilidades por suas ações
ou por sua vida.
Quando a pessoa acredita que
precisa manter uma imagem de boazinha, falando “sim” para tudo e para todos,
acaba evitando de enfrentar as situações que a vida lhe impõem. Essa atitude
causa um desgaste emocional muito grande, pois, ela se anula para fazer as
vontades do outro, muitas e muitas vezes essa vontade é contrária a sua
própria, causando um sentimento de inferioridade e culpa.
Outras simplesmente não
aprenderam que podem ter vontade e colocar suas vontades em prática. Vindas de
famílias (pais) autoritários, sempre se submeteram ao que o pai ou a mãe lhe
impunha, crescendo sem ter seus desejos atendidos ou muito menos ouvidos.
Pessoas infantilizadas no sentido de são saberem caminhar sozinhas e precisam
da aprovação do outro.
Pessoas que não sabem o que
querem, as famosas “Maria vai com as outras”. Seres indecisos, esse tipo de
pessoa deixa ainda mais evidente a falta de conhecimento próprio, pois, o conflito aqui não está apenas na questão de saber dizer sim ou não e sim no
fato de não ter uma opinião por falta de conhecimento. Acabam sendo marionetes,
são pessoas neutras, pessoas vazias.
Já as que não querem assumir
responsabilidades, ficam na espera de uma outra pessoa que a direcione na vida,
já que não quer assumir responsabilidades por suas atitudes acaba culpando
sempre a outra por algo que deu ou está errado em sua vida. Procuram esquivar-se
da responsabilidade no intuito de buscar dividir uma culpa.
O processo de aprendizagem
para dizer “não”, sem desconforto é o autoconhecimento. Esse é um processo
doloroso, pois, o analisando terá que entrar em contato com seus medos, suas
dúvidas, suas imperfeições, seus desejos e perceber-se individualizada apesar
de viver em grupo.
Algumas pessoas de tão
sufocadas que são por não dizer o “não”, acabando explodindo num processo catártico colocando
para fora seus pensamentos, suas vontades, muitas vezes de forma ríspida, brusca e tornam-se
revoltadas com a vida.
Num processo analítico ela
poderá chegar a conclusão que não é vida ou as circunstâncias que a levaram àquele
estado e sim ela mesma.
Precisa aprender a dizer “não”
para aquilo que não vá de encontro ao seu objetivo e de suas crenças.
Existem várias técnicas para
se aprender dizer “não”, como por exemplo ao invés de dizer “sim”, colocar um “vou
pensar”, “posso responder depois”, até que se sinta confortável em pronunciar a
palavra que lhe trará sua essência a tona.
Saber dizer não é sinal de
maturidade e essencial para se manter um equilíbrio psíquico, emocional e
físico.
Dizer “não” é libertador.
Por Sérgio Costa -
Psicanalista
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