Psicossomática

Psicossomática é um termo que se refere à inseparabilidade e interdependência dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais da humanidade. Implica na visão do ser humano como uma totalidade, uma reintegração entre pensamento e matéria, um complexo mente-corpo imerso num ambiente social.

A palavra Psicossomática é de origem grega. É uma junção de duas palavras gregas: psique (psico – alma) e soma (corpo).

A Psicossomática evoluiu através do tempo em três fases:

A fase inicial ou psicanalítica, onde predominou os estudos sobre a gênese inconsciente das enfermidades e os benefícios secundários destas;

A segunda fase a intermediária ou behaviorista, onde estímulos à pesquisa em homens e animais estão presentes, analisando seus comportamentos no meio, buscando enquadrar à realidade da descoberta à realidade científica, como também um estímulo aos estudos sobre estresse;

E a terceira que é a atual ou multidisciplinar, onde a psicossomática é vista como uma atividade de interação entre os profissionais de saúde.

Quando somos atingidos por uma doença, essa nos compromete nas três dimensões a qual somos ligados.

·         Psicológica;
·         Biológica;
·         Social.

Segundo a Organização Mundial da Saúde a definição de como ser saudável é o indivíduo que possui: “Completo bem-estar biológico, psicológico e social; não apenas ausência de doença”.

O ser humano está em constante movimento e a todo momento surgem estímulos e situações que exigem dele uma solução. No entanto, se este processo for total ou parcialmente bloqueado a solução não será adequada, a ação se mostrará comprometida e a emoção fica contida (criando o recalque), o que implica que a manifestação da emoção faz-se de maneira indireta e/ou simbólica.

Já quando falamos em fenômeno psicossomático, são modificações causadas no corpo por agentes de ordem psíquica. Seria a marca do consentimento do sujeito à razão que determinou o trauma. Seria a maneira do sujeito se representar em consequência da erupção traumática.

É importante frisar também que doença Psicossomática e Somatização se referem a aspectos diferentes do mesmo ponto que é a influência da mente sobre a saúde do nosso corpo.

Um exemplo de quando alguém diz que a pessoa está somatizando é quando a pessoa apresenta sintomas físicos mesmo não havendo uma doença física – a causa destes sintomas é emocional. Por exemplo, o caso da pessoa que sente taquicardia, o coração dispara e ela vai ao médico achando que está com problema no coração, chegando lá ela faz exames, e não acusando nada, o médico dispensa o paciente dizendo que ele está bem fisicamente. Esta taquicardia pode ser sintoma de pânico - síndrome do pânico. Isso é somatização. Os exames não acusam nada porque a pessoa não tem nada fisicamente, o sofrimento físico é um reflexo do sofrimento emocional, que está escondido.

Porém, quando se usa “doença psicossomática” dizemos que a causa é psicológica, mas a pessoa apresenta alterações clínicas detectáveis por exames laboratoriais, ou seja, o corpo da pessoa está tendo danos físicos. É uma doença física, verdadeira, mas com causa psicológica, ou seja, a doença apareceu no corpo, como uma alergia por exemplo.

Qualquer pessoa pode desenvolver uma doença psicossomática, mas o surgimento destes sinais é mais comum em pessoas que:

·         Têm muito estresse e cobranças no trabalho;
·         Passaram por traumas por acontecimentos marcantes;
·         Não conversam sobre seus sentimentos e guardam todos para si;
·         Sofrem muita pressão psicológica ou bullying;
·         Pessoas depressivas ou ansiosas que não procuram tratamento;
·         Pessoas com uma autocobrança exagerada (superego severo).

Os órgãos têm um significado, e todos nós temos um órgão mais sensível e as doenças possuem seu simbolismo e, a partir da identificação de uma patologia, pode-se entender o conflito interno associado, que emerge na forma de doenças. Um norte ao qual podemos explorar são:

Cabeçaansiedade, pensamento, desconexão
Bocamedo, ansiedade, recepção
Olhossedução, discriminação, discernimento
Narizousadia, poder, orgulho, sexualidade
Ouvidodependência, obediência, recepção, relação
Gargantaagressividade, medo, insegurança, orgulho
Pescoçosuperioridade, medo, insegurança, orgulho
Peleafeto, sexualidade, contato, normas
Pulmõesemoção, contato, comunicação
Estômagorelações sociais, absorção, sensações
Fígadohumor, avaliação, nervosismo
Coraçãoemoção, amor, sentimentos
Rinsequilíbrio, eliminação, discriminação
Bexigadesapego, medo, ansiedade
Intestino necessidade de controle, submundo.

As doenças mais comuns na Psicossomática podemos citar:

Fibromialgia: aparece positivamente correlacionada com resultados elevados em medidas de alexitimia e raiva introjetada, e com uma fraca capacidade de simbolização.
Afeta negativamente a vida sexual dos pacientes, e dificulta a obtenção de prazer. A insônia crônica e moderadamente severa é comum. A perturbação da continuidade do sono afeta negativamente a inibição da dor e aumenta as ocorrências de dor espontânea. Estes pacientes parecem fazer grandes esforços para verem a sua imagem de pessoas doentes confirmada pelos outros, dando grande relevância à legitimidade do diagnóstico.

Síndrome da Fadiga: demonstra insatisfação do que esta sendo realizado na vida do indivíduo.

Hipertensão: a elevação da pressão arterial diante do estresse parece depender mais da avaliação pessoal (subjetiva) que o indivíduo faz da situação do que da própria situação, objetivamente considerada. Os hipertensos tendem ao pessimismo, antecipando consequências negativas dos fatos e a interação interpessoal social é por eles vivida como fonte de ansiedade e estresse. É sinal de problemas emocionais guardados e não resolvidos. Pessoa que não quer perder e sofre por não aceitar determinadas situações. Esta condição atua ora na gênese da doença, ora como agravante e desencadeador da hipertensão.

Os sujeitos hipertensos apresentam dificuldades em externalizar emoções mais intensas e costumam acumular enorme carga emocional, ocasionando grandes níveis de tensão. Vive-se constantemente sob “pressão”, mesmo em situações cotidianas que habitualmente não ofertariam perigo.

Hipotensão: falta de interesse pela vida

Asma: um dos quadros mais associados ao conceito que se tem da psicossomática. O paciente portador de asma deixa transparecer a presença de um componente emocional o psicodinâmico, podendo ser ódio, medo, ansiedade, etc. A crise asmática seria uma crise de choro reprimido, consequência de uma ambivalente percepção da mãe e ao mesmo tempo da imagem fragilizada do pai, o que resultaria numa transferência com outros personagens, inclusive com a figura do médico, expressando assim certa dependência.
O ataque asmático constitui na criança, perpetuando-se no inconsciente do adulto uma reação ao perigo que representa a separação da mãe ou à perda real do amor materno.

Gastrite: ocorre como episódio de vida do indivíduo em decorrência de conflitos psíquicos não resolvidos. Como o paciente não consegue resolver os seus conflitos entre o seu mundo interno e externo, inscreve-se em seu corpo (estômago). A pessoa impedida de continuar o seu projeto de vida, o seu diálogo com o outro, encontra na gastrite como a solução, que vem a ser uma adaptação sofrida e inadequada.

Ronco: o ronco muito forte é uma reação inconsciente que exprime o desejo de ter seu próprio quarto de dormir. O indivíduo pode até negar esse desejo com indignação, mas no final geralmente não há alternativa e ele recebe aquilo que desejava inconscientemente o tempo todo.

LER (Lesão por Esforço Repetitivo): acomete pessoas que são perfeccionistas, não admitem falhas e tem dificuldade em admitir sentimentos e aceitar críticas.

Diabetes: profundo sentimento de mágoa, dependência afetiva, buscam incessantemente atenção, falta de docilidade na vida.

Acne: não se aceitar, desamor de si.

Alergias: irritabilidade ou dificuldade de interação com o meio e com pessoas próximas.

Vaginite: culpa sexual, sentimento de perda de alguém ou algo amado.

Problemas cardíacos: problemas emocionais sérios longamente suportados, falta de prazer , rejeição da vida, crença nas pressões e no esforço.

Psoríase: o paciente manifesta carência precoce de contatos com a pele; traz consigo a marca de frustração afetiva vivenciada como “fonte de carícias”, possui necessidade imperiosa de receber carícias na pele ou elogios, em lugar delas, provenientes de uma pessoa querida. O acometimento da psoríase na maioria das vezes se dá após trauma de perda, real ou fantasiada, de um objeto idealizado e vivida inconscientemente como rejeição ou abandono, gerando na pessoa acometida, sentimentos de humilhação e vergonha. Dificuldade nas questões sexuais.

Síndrome do Pânico: normalmente acomete pessoas que mantém um ritmo frenético, a tentativa de acompanhar a aceleração crescente de nossa sociedade, se expondo a níveis crescentes de angústia, frustração e estresse. Também apresentavam dificuldades de pensar, de elaborar e nas possibilidades de fazer resssignificações. Contrastando com o seu ritmo alucinante, o aspecto emocional apresenta-se paralisado. Pessoas que vivem vidas de aparências, não vivenciando sua verdadeira essência.

Por isso, é importante nos conhecermos e buscar entender porque o corpo está reagindo dessa maneira, que mensagem ele quer expressar.


A busca por ajuda psicológica é muito importante para o tratamento dessas patologias, juntamente com o acompanhamento de outros profissionais.



“Quando o sofrimento não pode expressar-se pelo pranto, 
ele faz chorarem os outros órgãos”
                                                                                                        William Motsloy


Por Sérgio Costa - Psicanalista

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