Disfunções Sexuais



A pesquisa realizada pela Dra. Carmita Abdo – psiquiatra e sexóloga da Universidade de São Paulo, onde foram entrevistadas três mil pessoas entre 18 e 70 anos de sete regiões metropolitanas do país, revela que a porcentagem de mulheres que sentem dor durante a relação sexual é alta e preocupante, chegando a afetar 40,3%, já a dificuldade de ereção, é o grande temor dos homens e relatada por 32% deles.

Então vamos falar das principais disfunções sexuais, apontadas na pesquisa.

É importante entender que disfunção sexual é toda perturbação, ou qualquer problema que ocorra em uma das fases do ciclo da resposta sexual.

O ciclo da resposta sexual é composto por quatro fases:

Desejo - é o que nos move em busca da satisfação na realização da necessidade que nasce da pressão pulsional. É aquilo que nos faz ir em busca do que não temos.

Excitação – é onde ocorre a preparação do corpo para a relação sexual. Nos estímulos psíquicos podemos considerar as fantasias, pensamentos, já nos estímulos físicos, entram em cena os cinco sentidos, além do intumescimento do pênis, prolongamento e relaxamento da vagina e a lubrificação.

Orgasmo – é o ponto mais alto, ou clímax do prazer sexual, o orgasmo geralmente ocorre depois de uma crescente excitação. No homem é caracterizada junto com todo o prazer, a sensação de não conseguir segurar a ejaculação. Na mulher é caracterizada pelas contrações musculares rítmicas na vagina.    

Resolução – é caracterizada por finalizar todas as características que tomaram conta do físico e do emocional durante as três fases anteriores, trazendo a sensação de leveza, tranquilidade, porém, ela só acontece se houve sucesso nas fases anteriores.

Nas mulheres as disfunções sexuais mais apontadas são a dificuldade em relação a excitação (dispareunia) e a dificuldade de chegar ao orgasmo (anorgasmia).

Nos homens a disfunção erétil e a ejaculação precoce ocupam os primeiros lugares no ranking das disfunções sexuais.

Dificuldade de Excitação – na excitação sexual é quando o corpo se transforma para a relação sexual, ou seja, há o aumento de sangue na periferia do corpo, deixando a pele mais quente, sensível e mais erótica e também há o aumento de sangue na região pélvica.  É muito fácil identificar no homem essa transformação, pois, o pênis se enche de sangue, ficando ereto e ganhando duas a três vezes o seu tamanho em flacidez. O que muita gente não sabe é que o corpo da mulher também se prepara por dentro, a vagina que tem em média 7 cm e o útero está apoiado sobre a vagina, na fase de excitação o útero se eleva, a vagina se prolonga chegando a 13 cm, a musculatura da vagina relaxa e ocorre a lubrificação.

Muitas vezes o parceiro não percebe que a mulher ainda não está preparada para receber a penetração, não é porque ela parece estar lubrificada que todo o corpo já está preparado para a relação sexual. Daí a importância do envolvimento e das preliminares.

No momento da penetração se a mulher não está pronta para receber a penetração, pode ocorrer dor e isso é a disfunção chamada dispareunia.

Uma série de fatores pode levar a mulher a desenvolver dispareunia – ela pode estar com um problema orgânico, uma inflação, uma infecção ou a vagina não estar preparada para a relação, não estar relaxada o suficiente, causando dor. Também pode ser desenvolvida pela dificuldade de excitação, no contexto psicológico, como por exemplo, não se permitir relaxar, tabus, vergonha, preconceitos, questões religiosas ou porque o parceiro não a estimula adequadamente.

Já anorgasmia a dificuldade de chegar ao orgasmo, se o orgasmo é a consequência da excitação, então se a mulher não se excita não tem como ela chegar ao orgasmo.

O orgasmo pode ser conseguido de várias formas, estimulando o clitóris seja no sexo oral, na manipulação direta ou indireta, o importante é a mulher se conhecer e perceber o seu corpo e suas zonas erógenas.

Também podemos falar do vaginismo onde a musculatura das coxas e da vagina se contraem tanto que não é possível a penetração.

No mundo masculino aponta-se a disfunção erétil que é a dificuldade em manter a rigidez do pênis.

A ereção está relacionada a fase de excitação, se essa excitação está comprometida, pode causar dificuldade no início para conseguir a ereção ou dificuldade na manutenção da ereção. As vezes o homem tem ereção, porém, o pênis não fica tão firme, isso pode acontecer antes da penetração ou o que é mais comum, após a penetração a ereção diminui, causando a tão falada e temida “brochada”. Isso se deve ao não envolvimento total no momento, pois, se o homem entra para a relação ansioso, nervoso ou com medo de perder a ereção, o cérebro vai identificar que ele está mais com medo do que com desejo, causando a disfunção.

Já a ejaculação precoce que é chegar ao orgasmo muito rápido, algumas vezes antes mesmo da penetração, causando frustração principalmente para as parceiras ou parceiros daquele homem, tem muito a ver com a ansiedade.

Como o ser humano é um ser bio psico e social, é importante investigar várias fatores na vida daquele indivíduo.

É importante um check-up médico para analisar as questões orgânicas, a vascularização, neurológica e hormonal entre outras.

Porém, a grande maioria dos casos de disfunções sexuais está relacionada ao emocional, a parte psicológica se mostra como o fator principal.

Transtorno psicológicos, como depressão, ansiedade, síndrome do pânico. Fatores sociais como educação, religião, preconceitos, tabus. Fatores pessoais como satisfação profissional, financeira e fatores do relacionamento, como conflitos, discussões constantes, violência física ou psicológica, inadequação no manejo do jogo erótico, todos esses fatores podem afetar a vida sexual e levar à uma disfunção sexual.

É fundamental aprender a relaxar e se entregar verdadeiramente numa relação sexual para conseguir desfrutar de todo seu prazer e benefícios.

Se você tiver alguma dificuldade, busque se informar e procure ajuda profissional. 


Por Sérgio Costa - Psicanalista

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