Depressão e Suicídio

Estamos presenciando o aumento do número de jovens que se suicidam. É fundamental que falemos sobre esse tema que ainda é tratado como tabu em nossa sociedade.

Mas, por quê nossos jovens estão perdendo a inspiração pela vida e desistindo de sua existência?

Muitos fatores podem levar um adolescente a cometer suicídio.

A maior partes das pessoas tem algum transtorno mental e a depressão é um dos mais frequentes e comuns, e um dos principais no caso de suicídio.

O histórico familiar de suicídio ou depressão, um tipo de personalidade introvertida, que não sabe lidar com as questões da vida, pessoas que se cobram muito e que ficam abaladas quando erram, perfeccionistas que não suportam algum tipo de fracasso. Tudo isso são situações que podem levar uma pessoa a cometer suicídio. O uso de substâncias e a disponibilidade de métodos letais. A combinação desses fatores é um risco.

É claro que existe um "gatilho" dentro de um contexto muito grande.

A depressão é uma experiência emocional individual, e eventualmente os amigos, familiares não tem noção do que se está passando com esse jovem.

É importante prestar atenção aos sinais, pois, eles repercutem no comportamento, demonstrando isolamento, tristeza, desprazer em fazer aquilo que gostava, falta de vontade de realizar tarefas do dia a dia. A irritabilidade, a alteração de humor, a falta de tolerância a raiva, a frustração frente a pequenas situações da vida, podem levar à depressão e consequentemente ao suicídio.

Hoje temos pais cada vez mais permissivos, mimando e superprotegendo seus filhos, desestimulando, desensinando valores que formam a força de caráter, a perseverança, a retidão e o perceber a vida como ela realmente é, com suas dificuldades e suas vitórias. 

Não é estimulado dentro das famílias e também no meio escolar a falar sobre sentimentos, emoções, conflitos da vida e superação. 

A sensibilidade, o afeto, a flexibilidade, o perdão, o foco e a disciplina devem ser ensinados e estimulados. Precisa ser praticado nos meios acadêmicos e familiar.

A vida sem esses valores é uma vida vazia, o vazio existencial que assola nossa juventude.

O uso de eletrônicos de forma desequilibrada. Fez a relação humana perder o olho no olho, o ouvir e sentir o tom da voz. Levando os seres humanos se conectarem virtualmente, porém, na vida real se afastam cada vez mais. Vimos familiares se comunicando somente por aplicativos, isso é terrível para o desenvolvimento de competências sócio-emocionais. Um dado importante é que depressivos fazem um maior uso dos eletrônicos. 

O registro de casos de depressão antes da puberdade é baixo, porém, a partir da puberdade aumenta significativamente. Essa é um fase de desequilíbrio e regulação tanto hormonal como emocional. Muitas questões são feitas nessa fase, questões emocionais, sociais, a insegurança da imagem sobre si mesmo. E hoje onde vivemos uma sociedade em que o narcisismo impera, que vem criando pequenos imperadores, onde tudo é fácil, e o estar sempre alegre é valorizado, esses jovens quando confrontado por questões existenciais e que não tiveram referências, se veem perdidos, estando mais expostos a um estresse de contexto.

Avaliar a intensidade da depressão e importante, mas, para isso é necessário ter uma sensibilidade para perceber, pais, seus filhos estão suplicando por afeto, por olhares verdadeiros, por abraço e carinho! Estejam presentes realmente na vida de seus filhos!

Não caiam no mito de "Quem fala não faz". Existe uma ambivalência sobre o pensamento suicida, se alguém fala é necessário prestar atenção, existe um sofrimento que muitas vezes esse jovem não sabe de onde vem, é preciso investigar.

Amigos estejam dispostos a ajudar e ao perceber ou ao serem informados sobre a vontade desse jovem de tirar a vida ou no caso de autolesão, busquem ajuda, informem os pais desse amigo.

Existe tratamento que mudará o sentido da vida desse jovem. Busque ajuda.


Por Sérgio Costa - Psicanalista

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